Essa transposição de muros e portões, entretanto, apesar de ser um importante passo para a flexibilização da estrutura das IES e conseqüente democratização do ensino, de modo algum pode ser considerada um ponto final.
Há que se (re) avaliar os moldes que sustentam essas intervenções, desde seus objetivos até os resultados. Muito mais que assistência, a extensão universitária eficaz deve instigar e oferecer condições para a participação. Muito mais que entregar respostas, deve fomentar questionamentos.Não há espaço para dúvida sobre a necessidade de que o conhecimento acadêmico não fique restrito ao campus.
É prudente e real a prerrogativa de que uma universidade ilhada, alheia ao contexto em que se localiza, não cumpre com sua responsabilidade social e perde a oportunidade de oferecer aplicabilidade ao ensino, já que quadro e giz não são capazes de fazê-lo. Porém, para muito além disso, tem-se fortalecido um novo modelo de extensão, menos autoritário e presunçoso, no qual os projetos atuam como uma ponte permanente, pela qual circulam livremente os saberes científico e popular. Nesse modelo, a universidade abre espaço para as manifestações, necessidades e aspirações das comunidades, o que resulta numa relação mais ampla e cíclica de ensino-aprendizagem.
Nesse processo a universidade finalmente começa a abrir mão da posição em que se colocara, a de detentora exclusiva do conhecimento. Nessa via de mão dupla em que universidade e sociedade interagem entre si, influenciam-se mutuamente, permeam-se, pressupõe-se uma troca de valores que seja capaz, por exemplo, de levar para a realidade das comunidades populares os benefícios práticos do ensino produzido pelas diversas áreas do conhecimento científico e ao mesmo tempo de permear de humanidade as rígidas estruturas da ciência. E fica a expectativa de que esse modelo, hoje sinônimo de exceção, chegue a um dia tornar-se comum. E mais que isso, que ao deixar de ser novo, possa, por meio de constante reflexão e reinvenção, ser superado por outros modelos ainda mais eficazes na busca por uma sociedade cooperativa e igualitária.
Oliveira,E.J.S . conexista da (ufac)